quarta-feira, 4 de março de 2015

PACTO NACIONAL PELO FORTALECIMENTO DO ENSINO MÉDIO

Enfim uma iniciativa louvável por parte do Poder Público voltada para a melhoria do Ensino Médio no Brasil: O PACTO do Ensino Médio.
O objetivo é a formação continuada de professores, levando-os a refletir sobre suas práticas pedagógicas, com o intuito de construir um currículo que atenda as necessidades das juventudes presentes em nossas escolas.
Mudar um paradigma não é coisa fácil. Requer a compreensão da necessidade e sobretudo o desejo de fazer de forma diferente.
Espera-se que o PACTO  fortaleça de fato o Ensino Médio, que mude a cara desta etapa da Educação Básica e que os objetivos sejam alcançados.
Assim, os estudantes, que a cada ano terminam essa etapa poderão ter mais oportunidade de acertar ao tomarem suas decisões.

terça-feira, 28 de junho de 2011

MEMORIAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ
MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE CIÊNCIAS
Tendências Contemporâneas de Currículo



 

MEMORIAL


Memorial apresentado ao Curso de Mestrado Profissional em Ensino de Ciências para o conteúdo de Tendências Contemporâneas de Currículo – ECI-209.
Profa. Dra. Rita de Cássia M. Trindade Stano





Janet Carvalho do Nascimento Chaves Neiva


 


ITAJUBÁ
2011
AGRADECIMENTOS

Sempre ao Deus de minha salvação, em primeiro lugar, pela vida, saúde, disposição e oportunidade de cursar o Mestrado.
Ao meu esposo Alcides e minha filha Débora, pelo apoio incondicional.
À minha mãe e irmãos, que a toda semana estão presentes dando o suporte emocional necessário.
À professora Rita Stano, pelo ser humano maravilhoso que é, pela professora que soube motivar, ensinar e nos fazer crescer.
Aos meus queridos colegas: Ana, Ângela, Antônio Marcos, Kleber, Patrícia, Paulo e Rafael pelos momentos de aprendizagem, pelas risadas, pelos bolos e pela amizade que levo comigo para a vida.

“O sábio ouvirá e crescerá em conhecimento, e o entendido adquirirá sábios conselhos”.

Provérbios 1: 5
RESUMO
1.0.CONCEITOS INICIAIS
2.0.CONSTRUINDO E DESCONSTRUINDO CONCEITOS
3.0.NOSSOS BLOGS
4.0.CONSIDERAÇÕES FINAIS
5.0.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

RESUMO
O objetivo desse Memorial é traçar a trajetória percorrida por nós, estudantes do Curso de Mestrado Profissional em Ensino de Ciências, em relação às Tendências Contemporâneas de Currículo, os conceitos iniciais, nossas construções e desconstruções desse conceito, além de relatar fatos que marcaram nossas aulas, nos fizeram refletir e nos levaram a mudanças de atitudes em relação ao processo de ensino e aprendizagem.

1.0.         Conceitos iniciais
 Lembro-me de não estar presente nas primeiras aulas do Curso de Mestrado por motivos de ordem burocrática relacionados ao meu trabalho. Por isto não participei da reflexão sobre a poesia “Não entendo o espanto”, nem tão pouco ouvi as reclamações da professora Rita sobre a escadaria do “Titanic”, citadas pelo colega Paulo em seu Memorial. Entretanto, na aula seguinte lá estava eu, no referido prédio a tempo de ouvir a proposta da professora Rita de transferir as aulas para sua sala. Imaginei que seria muito melhor a sala dela do que aquela onde estávamos, impessoal, pequena e sem janelas. Nossa professora, nesse dia, discutiu sobre Educação e Currículo. Entretanto, eu julgava que o currículo sempre estaria preso a uma “grade” pré-estabelecida e que seriam apenas os conteúdos estudados nas escolas. Pensei também em “currículo vitae” e imaginei que iríamos estudar um currículo estático, entendendo como e por que as matérias eram ali colocadas. De certa forma eu estava certa, pois compreendi o porquê dos conteúdos ali presentes, a quem interessa que seja assim. Mas estava enganada quando pensei ser o currículo algo estático. A partir das aulas seguintes, na sala professora Rita, foi-se estabelecendo um clima de camaradagem entre nós, alunos e a professora e assim começou nossa caminhada, com discussões, reflexões, trabalhos e nossas construções.

2.0.         Construindo e desconstruindo conceitos
 As concepções de currículo passaram a ser estudadas sob dois enfoques: As concepções tradicionais e as críticas. Vimos o texto de Zotti, Sociedade, Educação e Currículo no Brasil. Dos Jesuítas aos anos 80. A ideologia política nacional desenvolvimentista inaugura a 2ª etapa do desenvolvimento industrial no Brasil (1930-1964). Houve nesse período a expansão da produção dos bens de consumo e a necessidade de importar equipamentos para produção de itens para a elite. O estado passa a ser o principal centro da política econômica. Os católicos defendem o ensino tradicional e elitista; os liberais defendem a Pedagogia da nova escola e a construção de um país com novas bases econômicas. Os governistas procuram aparentar neutralidade diante dos dois grupos. A educação passa a ser vista à luz da relação entre desenvolvimento econômico e educacional, assim, tornam-se necessários grupos maiores de pessoas tendo acesso a educação escolar, e a contradição entre os que detêm e os que não detêm o poder econômico. Tivemos oportunidade de explorar os principais aspectos da discussão entre católicos e liberais: laiscidade; escola pública obrigatória e gratuita e direito a igualdade. A igreja católica era a detentora do ensino médio, privilégio da elite, viu-se ameaçada pela nova ordem burguesa. A discussão deste texto foi de grande importância para nossa formação.
Discutimos a educação, segundo o pensamento filosófico e sobre o currículo que regula e controla a distribuição do conhecimento segundo uma ordem. O currículo no Brasil focado no Taylorismo, na década de 70, em que a escola prepara técnicos para atender às necessidades da sociedade capitalista.
Nos Estados Unidos, a discussão girava em torno dos aspectos culturais. A cultura das massas era considerada inferior e indesejada. Assim, refletimos sobre a origem de todas as guerras: a cultura. Tivemos então a oportunidade de assistir ao filme “A Onda”, onde a questão cultural ali abordada nos fez pensar sobre a nossa responsabilidade como professores, pois podemos conduzir os estudantes para o sucesso ou para o fracasso, para uma sociedade tolerante com as diferenças e respeitadora para com os seus iguais, ou para as guerras. Na mesma época vimos o vídeo da palestra de Chimamanda Ngozi Adichie, a qual abordava “O Perigo de uma História Única”. De fato, existem culturas que se julgam melhores que as outras e tentam se impor a estas pela força, sempre que necessário.
Também ficamos consternados com a tragédia acontecida numa escola Municipal do Rio de Janeiro. Será que esse aluno era invisível aos “olhos” da escola? E em nossas escolas, como temos lidado com situações semelhantes? De bullying, intolerância, preconceito, de poder, o currículo oculto que permeia o ambiente escolar... Tudo isto nos fez refletir.
As resenhas sobre os textos sugeridos deram-me a oportunidade de criticar as obras lidas, com o texto de Thomás Tadeu sobre “A nova sociologia da educação” que se preocupa com o processamento das pessoas e não do conhecimento e aborda a construção do currículo que considera as tradições culturais tanto dos grupos subordinados quanto dos dominantes.
Quando discutimos o currículo como coleção minha ideia acerca desse assunto era a de que o currículo colecionava os conteúdos e que isto deveria ser bom. Contudo, após as discussões, descobri que colecionar significa isolar, assim, o currículo neste contexto, é organizado de forma isolada, enquanto o currículo integrado possibilita a muldisciplinaridade. Este texto ainda abordou o currículo oculto que, segundo Bernstein aparece nas atitudes, comportamentos, valores, orientações, na forma dos professores “rotularem” seus alunos.
Com as figuras abaixo foi possível relacionar o currículo com a cultura. Assim, do meu ponto de vista, a imagem da esquerda pode ser comparada com uma cultura fechada, assim como o Currículo do tipo coleção, ou seja, não se aceita influências de fora. O currículo é forjado de fora para dentro da escola, sem a participação dos principais interessado: professores. A imagem da direita, pelo contrário, eu a comparei com uma cultura aberta capaz de receber influências de fora, bem como difundir sua cultura para outros, da mesma forma que o Currículo do tipo integrado, onde a interdisciplinaridade pode ser possível.

 

Os conflitos étnicos estão presentes também em nossos grupos de amigos e em nossas escolas. Com estes textos culturais e suas análises tivemos a oportunidade de repensar nossa responsabilidade de educadores, pois discutir tais textos é uma forma de participar das lutas políticas por uma sociedade menos discriminadora e excludente.
Com Michael Apple em seu texto “Conhecimento Oficial: A Educação Democrática numa Era Conservadora” discutimos a influência da mídia na construção curricular, a desqualificação da mulher e o currículo no “carrinho”. A intensificação observada em nossas escolas já vem de muito tempo. Os professores sobrecarregados de serviço e as decisões curriculares sendo tomadas fora do ambiente escolar e sem a participação dos professores. Por isso, muitas vezes, os professores fazem uso do currículo no “carrinho”, pois é mais prático.
A Complexidade de Edgar Morin busca organizar a visão de mundo e as sociedades desenvolvidas. Os problemas importantes são sempre complexos e segundo o autor, a especialização limita os indivíduos em áreas restritas de competência e induz à ignorância acerca de outras dimensões da vida individual e coletiva. Mesmo com as contribuições de Piaget e de tantos outro, a escola continua sendo instrucionista ao extremo (DEMO, 2002, p. 124). A Complexidade não é linear, mas é reconstrutiva, o antes não é igual ao depois. As discussões sobre Complexidade envolvem mudança de paradigma, o que, segundo Thomas Kuhn, é um processo muito demorado. O desafio do paradigma da Complexidade é o de ser capaz de pensar o real como um todo. Nessa perspectiva, o currículo deverá ser repensado e construído de forma pluridisciplinar e transdicisplinar, conceitos de dialógica e recursividade de Morin.
Para não nos perdermos em meio a tantos textos, resumimos os assuntos discutidos em algumas aulas de forma textual. Foi muito importante para a consolidação do aprendizado acerca do currículo.

3.0.         A Construção dos Blogs
Embora construir um blog não fosse para mim algo impossível de se fazer, eu jamais havia criado um. Tive a ajuda de minha filha e assim criei o meu  primeiro blog. Mas como não anotei a senha, fui obrigada a criar outro. No início não gostei do meu por achar singelo e pouco atrativo. Porém, depois que comecei a alimentar o blog, mudei de ideia e gostei do trabalho. Com os blogs pude conhecer os trabalhos dos colegas, as ideias da professora Rita e expor também meus pensamentos, minhas construções. Visitar os blogs dos colegas muito me ajudou na compreensão dos textos debatidos em aula, pelas resenhas e resumos ali postados. 

Nossos blogs:
Esquinas e Pensares;                   
Textos e Contextos;                             Fonte: Paulo Sérgio de Oliveira
Professor Marcos;
Lugar de Iguais;
Kleber Nogueira;
Tecnologias na Educação;
Paullus Blog;
Fios e Desafios;
Janet Carvalho.

Eu considero que a construção do blogs foi um momento especial para cada um de nós, mesmo para aqueles experientes nesse assunto, porque a partir daí estávamos juntos, mesmo distantes, compartilhando nossas ideias.

4.0.         Considerações Finais
 Nossas aulas, na sala da professora Rita, sempre tiveram uma conotação diferente, sem aquele ar carregado e tradicional comum às aulas com as quais estamos acostumados. Foram aulas cujos aromas e sabores ficarão registrados em nossa memória para sempre, marcando momentos em que aprendemos a repensar nossa postura de professores e a ter o desejo de fazer algo que contribuísse para a melhoria do ensino em nosso país. A paixão da professora Rita Stano pela Educação é contagiante, e a seriedade com que o tema Currículo é tratado nos fez indignar com as questões de poder que vêm direcionando a educação há séculos.
Escrever este memorial, como todas as atividades deste conteúdo, foi uma experiência magnífica, pois tive a oportunidade de rever meus conceitos, desconstruir antigos paradigmas e construir tudo de novo. Pensar o currículo de forma crítica, com todas as nuances que lhe são peculiares e não mais o entendendo como apenas os conteúdos impostos aos alunos por alguém, que de alguma forma tem interesses específicos e discriminatórios.
Aprendi que a escola só poderá de fato formar cidadãos, sujeitos participativos e conscientes de seus deveres e direitos, quando o currículo foi elaborado de dentro para fora da escola, de forma participativa, responsável e com a intensão de preparar os sujeitos para a vida de forma empreendedora. Não mais produzindo dominantes e dominados, aqueles para mandar e estes para obedecer. Quando o poder não se concentrar mais nas mãos de poucos e quando os homens se conscientizarem que somos iguais diante de Deus e que não há um ser humano superior ao outro, portanto, não tem o direito de subjugar ninguém. Não existe uma cultura melhor que a outra e muito menos uma só história.
Sei que não vamos mudar o mundo da noite para o dia, ainda que estejamos ansiosos para isto, mas podemos fazer a diferença, visto que já demos o primeiro passo.
 
"Educar É um exercício De imortalidade. De alguma forma Continuamos a viver Naqueles cujos olhos Aprenderam a ver o mundo Pela magia da nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais... Entendo assim A tarefa primeira do educador: Dar aos alunos a razão para viver”.
RUBEM ALVES


REFERÊNCIAS

APPLE, Michael W. O Conhecimento Oficial: A Educação Democrática numa Era Conservadora.

DEMO, Pedro. Complexidade e Aprendizagem: A Dinâmica não Linear do Conhecimento. Ed. Atlas S. A., 2002. São Paulo, SP

LOPES, Alice C.; MACEDO, Elizabeth, Ed. Cortez. Currículos: Debates Contemporâneos.

Morin, Edgar. O Desafio da Complexidade e da Transdisciplinaridade. Disponível em:

TADEU, Thomas. Documentos de Identidade

ZOTTI, Solange A. Sociedade, Educação e Currículo no Brasil. Dos Jesuítas aos anos 80. Campinas, SP, Autores Associados, 2004, p.85 a 136.