UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ
MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE CIÊNCIAS
Tendências Contemporâneas de Currículo
MEMORIAL
Memorial apresentado ao Curso de Mestrado Profissional em Ensino de Ciências para o conteúdo de Tendências Contemporâneas de Currículo – ECI-209.
Profa. Dra. Rita de Cássia M. Trindade Stano
Janet Carvalho do Nascimento Chaves Neiva
ITAJUBÁ
2011
AGRADECIMENTOS
Sempre ao Deus de minha salvação, em primeiro lugar, pela vida, saúde, disposição e oportunidade de cursar o Mestrado.
Ao meu esposo Alcides e minha filha Débora, pelo apoio incondicional.
À minha mãe e irmãos, que a toda semana estão presentes dando o suporte emocional necessário.
À professora Rita Stano, pelo ser humano maravilhoso que é, pela professora que soube motivar, ensinar e nos fazer crescer.
Aos meus queridos colegas: Ana, Ângela, Antônio Marcos, Kleber, Patrícia, Paulo e Rafael pelos momentos de aprendizagem, pelas risadas, pelos bolos e pela amizade que levo comigo para a vida.
“O sábio ouvirá e crescerá em conhecimento, e o entendido adquirirá sábios conselhos”.
Provérbios 1: 5
RESUMO
1.0.CONCEITOS INICIAIS
2.0.CONSTRUINDO E DESCONSTRUINDO CONCEITOS
3.0.NOSSOS BLOGS
4.0.CONSIDERAÇÕES FINAIS
5.0.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RESUMO
O objetivo desse Memorial é traçar a trajetória percorrida por nós, estudantes do Curso de Mestrado Profissional em Ensino de Ciências, em relação às Tendências Contemporâneas de Currículo, os conceitos iniciais, nossas construções e desconstruções desse conceito, além de relatar fatos que marcaram nossas aulas, nos fizeram refletir e nos levaram a mudanças de atitudes em relação ao processo de ensino e aprendizagem.
1.0. Conceitos iniciais
Lembro-me de não estar presente nas primeiras aulas do Curso de Mestrado por motivos de ordem burocrática relacionados ao meu trabalho. Por isto não participei da reflexão sobre a poesia “Não entendo o espanto”, nem tão pouco ouvi as reclamações da professora Rita sobre a escadaria do “Titanic”, citadas pelo colega Paulo em seu Memorial. Entretanto, na aula seguinte lá estava eu, no referido prédio a tempo de ouvir a proposta da professora Rita de transferir as aulas para sua sala. Imaginei que seria muito melhor a sala dela do que aquela onde estávamos, impessoal, pequena e sem janelas. Nossa professora, nesse dia, discutiu sobre Educação e Currículo. Entretanto, eu julgava que o currículo sempre estaria preso a uma “grade” pré-estabelecida e que seriam apenas os conteúdos estudados nas escolas. Pensei também em “currículo vitae” e imaginei que iríamos estudar um currículo estático, entendendo como e por que as matérias eram ali colocadas. De certa forma eu estava certa, pois compreendi o porquê dos conteúdos ali presentes, a quem interessa que seja assim. Mas estava enganada quando pensei ser o currículo algo estático. A partir das aulas seguintes, na sala professora Rita, foi-se estabelecendo um clima de camaradagem entre nós, alunos e a professora e assim começou nossa caminhada, com discussões, reflexões, trabalhos e nossas construções.
2.0. Construindo e desconstruindo conceitos
As concepções de currículo passaram a ser estudadas sob dois enfoques: As concepções tradicionais e as críticas. Vimos o texto de Zotti, Sociedade, Educação e Currículo no Brasil. Dos Jesuítas aos anos 80. A ideologia política nacional desenvolvimentista inaugura a 2ª etapa do desenvolvimento industrial no Brasil (1930-1964). Houve nesse período a expansão da produção dos bens de consumo e a necessidade de importar equipamentos para produção de itens para a elite. O estado passa a ser o principal centro da política econômica. Os católicos defendem o ensino tradicional e elitista; os liberais defendem a Pedagogia da nova escola e a construção de um país com novas bases econômicas. Os governistas procuram aparentar neutralidade diante dos dois grupos. A educação passa a ser vista à luz da relação entre desenvolvimento econômico e educacional, assim, tornam-se necessários grupos maiores de pessoas tendo acesso a educação escolar, e a contradição entre os que detêm e os que não detêm o poder econômico. Tivemos oportunidade de explorar os principais aspectos da discussão entre católicos e liberais: laiscidade; escola pública obrigatória e gratuita e direito a igualdade. A igreja católica era a detentora do ensino médio, privilégio da elite, viu-se ameaçada pela nova ordem burguesa. A discussão deste texto foi de grande importância para nossa formação.
Discutimos a educação, segundo o pensamento filosófico e sobre o currículo que regula e controla a distribuição do conhecimento segundo uma ordem. O currículo no Brasil focado no Taylorismo, na década de 70, em que a escola prepara técnicos para atender às necessidades da sociedade capitalista.
Nos Estados Unidos, a discussão girava em torno dos aspectos culturais. A cultura das massas era considerada inferior e indesejada. Assim, refletimos sobre a origem de todas as guerras: a cultura. Tivemos então a oportunidade de assistir ao filme “A Onda”, onde a questão cultural ali abordada nos fez pensar sobre a nossa responsabilidade como professores, pois podemos conduzir os estudantes para o sucesso ou para o fracasso, para uma sociedade tolerante com as diferenças e respeitadora para com os seus iguais, ou para as guerras. Na mesma época vimos o vídeo da palestra de Chimamanda Ngozi Adichie, a qual abordava “O Perigo de uma História Única”. De fato, existem culturas que se julgam melhores que as outras e tentam se impor a estas pela força, sempre que necessário.
Também ficamos consternados com a tragédia acontecida numa escola Municipal do Rio de Janeiro. Será que esse aluno era invisível aos “olhos” da escola? E em nossas escolas, como temos lidado com situações semelhantes? De bullying, intolerância, preconceito, de poder, o currículo oculto que permeia o ambiente escolar... Tudo isto nos fez refletir.
As resenhas sobre os textos sugeridos deram-me a oportunidade de criticar as obras lidas, com o texto de Thomás Tadeu sobre “A nova sociologia da educação” que se preocupa com o processamento das pessoas e não do conhecimento e aborda a construção do currículo que considera as tradições culturais tanto dos grupos subordinados quanto dos dominantes.
Quando discutimos o currículo como coleção minha ideia acerca desse assunto era a de que o currículo colecionava os conteúdos e que isto deveria ser bom. Contudo, após as discussões, descobri que colecionar significa isolar, assim, o currículo neste contexto, é organizado de forma isolada, enquanto o currículo integrado possibilita a muldisciplinaridade. Este texto ainda abordou o currículo oculto que, segundo Bernstein aparece nas atitudes, comportamentos, valores, orientações, na forma dos professores “rotularem” seus alunos.
Com as figuras abaixo foi possível relacionar o currículo com a cultura. Assim, do meu ponto de vista, a imagem da esquerda pode ser comparada com uma cultura fechada, assim como o Currículo do tipo coleção, ou seja, não se aceita influências de fora. O currículo é forjado de fora para dentro da escola, sem a participação dos principais interessado: professores. A imagem da direita, pelo contrário, eu a comparei com uma cultura aberta capaz de receber influências de fora, bem como difundir sua cultura para outros, da mesma forma que o Currículo do tipo integrado, onde a interdisciplinaridade pode ser possível.
Os conflitos étnicos estão presentes também em nossos grupos de amigos e em nossas escolas. Com estes textos culturais e suas análises tivemos a oportunidade de repensar nossa responsabilidade de educadores, pois discutir tais textos é uma forma de participar das lutas políticas por uma sociedade menos discriminadora e excludente.
Com Michael Apple em seu texto “Conhecimento Oficial: A Educação Democrática numa Era Conservadora” discutimos a influência da mídia na construção curricular, a desqualificação da mulher e o currículo no “carrinho”. A intensificação observada em nossas escolas já vem de muito tempo. Os professores sobrecarregados de serviço e as decisões curriculares sendo tomadas fora do ambiente escolar e sem a participação dos professores. Por isso, muitas vezes, os professores fazem uso do currículo no “carrinho”, pois é mais prático.
A Complexidade de Edgar Morin busca organizar a visão de mundo e as sociedades desenvolvidas. Os problemas importantes são sempre complexos e segundo o autor, a especialização limita os indivíduos em áreas restritas de competência e induz à ignorância acerca de outras dimensões da vida individual e coletiva. Mesmo com as contribuições de Piaget e de tantos outro, a escola continua sendo instrucionista ao extremo (DEMO, 2002, p. 124). A Complexidade não é linear, mas é reconstrutiva, o antes não é igual ao depois. As discussões sobre Complexidade envolvem mudança de paradigma, o que, segundo Thomas Kuhn, é um processo muito demorado. O desafio do paradigma da Complexidade é o de ser capaz de pensar o real como um todo. Nessa perspectiva, o currículo deverá ser repensado e construído de forma pluridisciplinar e transdicisplinar, conceitos de dialógica e recursividade de Morin.
Para não nos perdermos em meio a tantos textos, resumimos os assuntos discutidos em algumas aulas de forma textual. Foi muito importante para a consolidação do aprendizado acerca do currículo.
3.0. A Construção dos Blogs
Embora construir um blog não fosse para mim algo impossível de se fazer, eu jamais havia criado um. Tive a ajuda de minha filha e assim criei o meu primeiro blog. Mas como não anotei a senha, fui obrigada a criar outro. No início não gostei do meu por achar singelo e pouco atrativo. Porém, depois que comecei a alimentar o blog, mudei de ideia e gostei do trabalho. Com os blogs pude conhecer os trabalhos dos colegas, as ideias da professora Rita e expor também meus pensamentos, minhas construções. Visitar os blogs dos colegas muito me ajudou na compreensão dos textos debatidos em aula, pelas resenhas e resumos ali postados.
Nossos blogs:
Esquinas e Pensares; Textos e Contextos; Fonte: Paulo Sérgio de Oliveira
Professor Marcos;
Lugar de Iguais;
Kleber Nogueira;
Tecnologias na Educação;
Paullus Blog;
Fios e Desafios;
Janet Carvalho.
Eu considero que a construção do blogs foi um momento especial para cada um de nós, mesmo para aqueles experientes nesse assunto, porque a partir daí estávamos juntos, mesmo distantes, compartilhando nossas ideias.
4.0. Considerações Finais
Nossas aulas, na sala da professora Rita, sempre tiveram uma conotação diferente, sem aquele ar carregado e tradicional comum às aulas com as quais estamos acostumados. Foram aulas cujos aromas e sabores ficarão registrados em nossa memória para sempre, marcando momentos em que aprendemos a repensar nossa postura de professores e a ter o desejo de fazer algo que contribuísse para a melhoria do ensino em nosso país. A paixão da professora Rita Stano pela Educação é contagiante, e a seriedade com que o tema Currículo é tratado nos fez indignar com as questões de poder que vêm direcionando a educação há séculos.
Escrever este memorial, como todas as atividades deste conteúdo, foi uma experiência magnífica, pois tive a oportunidade de rever meus conceitos, desconstruir antigos paradigmas e construir tudo de novo. Pensar o currículo de forma crítica, com todas as nuances que lhe são peculiares e não mais o entendendo como apenas os conteúdos impostos aos alunos por alguém, que de alguma forma tem interesses específicos e discriminatórios.
Aprendi que a escola só poderá de fato formar cidadãos, sujeitos participativos e conscientes de seus deveres e direitos, quando o currículo foi elaborado de dentro para fora da escola, de forma participativa, responsável e com a intensão de preparar os sujeitos para a vida de forma empreendedora. Não mais produzindo dominantes e dominados, aqueles para mandar e estes para obedecer. Quando o poder não se concentrar mais nas mãos de poucos e quando os homens se conscientizarem que somos iguais diante de Deus e que não há um ser humano superior ao outro, portanto, não tem o direito de subjugar ninguém. Não existe uma cultura melhor que a outra e muito menos uma só história.
Sei que não vamos mudar o mundo da noite para o dia, ainda que estejamos ansiosos para isto, mas podemos fazer a diferença, visto que já demos o primeiro passo.
"Educar É um exercício De imortalidade. De alguma forma Continuamos a viver Naqueles cujos olhos Aprenderam a ver o mundo Pela magia da nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais... Entendo assim A tarefa primeira do educador: Dar aos alunos a razão para viver”.
RUBEM ALVES
REFERÊNCIAS
APPLE, Michael W. O Conhecimento Oficial: A Educação Democrática numa Era Conservadora.
DEMO, Pedro. Complexidade e Aprendizagem: A Dinâmica não Linear do Conhecimento. Ed. Atlas S. A., 2002. São Paulo, SP
LOPES, Alice C.; MACEDO, Elizabeth, Ed. Cortez. Currículos: Debates Contemporâneos.
Morin, Edgar. O Desafio da Complexidade e da Transdisciplinaridade. Disponível em:
TADEU, Thomas. Documentos de Identidade
ZOTTI, Solange A. Sociedade, Educação e Currículo no Brasil. Dos Jesuítas aos anos 80. Campinas, SP, Autores Associados, 2004, p.85 a 136.