quinta-feira, 5 de maio de 2011

A Onda


A ONDA
Desde que o homem deixou de ser um caçador itinerante, para constituir com outros semelhantes, aglomerados humanos que facilitassem sua vida, todo ser humano normal vive nesses aglomerados, hoje chamados de sociedade. Nessa sociedade, os modos de sentir, de pensar, de reagir refletem formas relativamente homogêneas de se viver.
Ao longo de toda a história do homem, sempre houve a preocupação de estabelecer códigos de como deveriam ser as relações que estivessem vinculadas à convivência humana, sendo o código mais antigo mais antigo que se conhece, o Código de Hamurabi. Mais tarde filósofos e pensadores como Augusto Comte, Karl Marx, Émile Durkheim e Weber tentaram explicar a sociedade dos homens. Assim, os homens estabeleceram relações sociais onde os indivíduos realizam trocas com o meio que os cerca, à fim de suprir suas necessidades. Para realizar essa troca, os homens criam formas e modos comuns a todos sem que o sujeito perca a sua individualidade. A esse modelo de relação chamamos de Paradigma. Tais paradigmas são cercados de sentimentos e valores, provocando nos membros do grupo, sinais de confiança ou desconfiança, aprovação ou rejeição, ou mesmo sucesso ou fracasso.
Evidentemente, viver em agrupamentos significa abrir mão de certos comportamentos instintivos e aceitar propostas e imposições da parte de outros do grupo, com objetivo de sobrevivência. Forma-se assim uma sociedade com características próprias, ideias, crenças, religiões, tecnologias, conduta e objetivos, enfim, tudo o que o homem construiu e partilhou com seus semelhantes constituem a cultura de uma sociedade. Cada conjunto social, em função do contexto social, constrói ao longo do tempo, uma cultura própria.
Desta forma, no filme “A Onda”, podemos identificar uma cultura extremamente autocrática em que um líder, no caso o professor, age de forma individualista, pois detinha o poder de controlar os alunos, influenciar no comportamento dos mesmos e conduzi-los para onde quisesse. Conforme a definição de Weber: “o indivíduo social age por um motivo que lhe é dado, seja por tradição, seja pela emotividade, seja por interesses racionais...”. O professor age por interesses racionais, visto que ele gostava do poder, independente de sua postura estar certa ou errada, de agradar ou desagradar alguém. O currículo escolar se modificou em função do experimento do professor e conseguiu atingir os jovens do ensino médio, pelo fato  de ser esta faixa etária sujeita a influências das mais diversas. Por não existir uma política educacional voltada para a formação de professores do Ensino Médio, tais professores não sabem lidar com as angústias dos jovens e por esse motivo, tornam-se alvos fáceis para qualquer influência, boa ou ruim. Desta forma, é também muito fácil para qualquer professor “matar” os alunos, pois, pode-se matar os sonhos, as expectativas, os desejos, a criatividade, limitá-los e coloca-los no “vidro”.
Portanto, há que se repensar os currículos escolares, em especial para o Ensino Médio, preparar melhor os professores para que a formação dos estudantes seja a melhor possível e estes se tornem homens e mulheres de bem, cidadãos responsáveis por si, pelo outro e pelo meio onde vive. E assim, sejam capazes de questionar, analisar e decidir sobre as questões que lhes são propostas, para não serem levados por nenhuma “Onda”.
Em relação ao vídeo “O perigo de uma única história”, podemos perceber aqui também a questão do poder, pois, embora não haja uma cultura melhor que a outra, algumas se julgam superiores e capazes de ditar normas e padrões para outros. Desta forma, rotulam os outros e mostram uma única história acerca de determinadas regiões, estigmatizando tais regiões de tal modo que são sempre vistas pela ótica do “rótulo”, como acontece aqui no Vale do Jequitinhonha que tem o estigma do “Vale da Miséria”.
O perigo reside no fato dos habitantes do local se acomodarem, aceitarem a situação e nada fazerem para mudar o quadro.

Referencias:
SILVA, Golias
Sociologia Organizacional/Golias Silva -  Florianópolis: Departamento de Ciências da Administração / UFSC; [Brasília]: CAPES: UAB; 2010, 152p. : il
http://www.youtube.com/watch?v=SZuJ5O0p1Nc

2 comentários:

  1. Olá Janet, estamos começando nossa amizade virtual.

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  2. Boas e interessantes reflexões acerca da educação,riscos da ação docente no ensino médio. Só cuidado para não confundir paradigma e ideologia.

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