quarta-feira, 15 de junho de 2011

CULTURA E CURRÍCULO


CULTURA E CURRÍCULO

 
Como já foi discutido, por Currículo entende-se o projeto que determina os objetivos da educação escolar e propõe um plano de ação adequado para a consecução de tais objetivos. De acordo com Basil Bernstein o currículo pode ser analisado a partir de duas concepções: do tipo Coleção e Integrado. Já vimos que o Currículo do tipo coleção é descontextualizado e organizado de forma isolada, enquanto o outro propicia uma integração, uma contextualização entre os conteúdos.
Por outro lado, o currículo é uma relação de poder. Os episódios como a guerra da Bósnia, no Afganistão, os conflitos entre israelenses e palestinos e o atentado contra as Torres Gêmeas em Nova Iorque, são evidências de um mundo conflagrado pelos embates entre culturas. Existe uma intolerância entre os povos de culturas diferentes e uma cultura de poder em que uma cultura se julga melhor que outra e tenta se impor sobre esta. De acordo com a visão arnoldiana, a cultura adjetivada como cultura popular era sinônimo de desordem social e política, ao passo que a cultura tida como singular e sem adjetivos, seria o mesmo que harmonia e beleza. Sendo assim, na primeira metade do século XX na Inglaterra, surge uma análise cultural para fazer frente à cultura de massa. Levado a efeito por Leavis, o projeto tinha a ideia de que a cultura sempre teria sido sustentada por uma minoria que mantinha vivos “os mais refinados padrões da existência”. Desta forma, as “elites culturais” ainda se impõem sobre outras culturas consideradas por elas como declínio cultural pela força de seus exércitos.
Como já dissemos, o currículo é uma relação de poder, portanto, as discussões culturais influenciam os currículos escolares, inclusive os currículos ocultos que permeiam os corredores, as salas de aula e as relações entre as “autoridades” da escola e aqueles que obedecem.
Ao analisar as figuras e compará-las ao currículo, considero os seguintes aspectos:
Em primeiro lugar, o vespeiro é fruto de um trabalho em equipe, em que cada membro da colônia tem suas funções determinadas, se responsabilizam pela realização de suas tarefas, de modo a complementar o trabalho do outro. Entretanto, trata-se de uma cultura fechada onde não entra nada de fora, salvo o que foi selecionado pela própria colônia. Da mesma forma, nada sai dali e quando se sentem ameaçados por outra cultura, o ataque é feroz, no sentido de preservar sua “casa” inalterada. Na escola, não existe uma organização tão perfeita como acontece no vespeiro, não há interdisciplinaridade, o currículo é do tipo coleção, bem diferente do que acontece no vespeiro. Mas, ali também existe muita resistência a outras culturas. A aceitação de outros paradigmas é lenta e ocorre com muita resistência por parte da escola.
Na figura da folhagem podemos observar sobre as folhas, algumas manchas brancas bem parecidas com fungos. Vemos também que esses fungos se espalham e contaminam outras folhas, ou seja, difundem bem a sua cultura e estão abertos às influências de fora. Fazendo uma analogia com o currículo, seria o currículo do tipo Integrado, pois os conteúdos conversam, se integram num contexto próximo da realidade do aluno.

Janet Carvalho do Nascimento Chaves Neiva

2 comentários:

  1. Cada um de nós enxerga a mesma coisa por diferentes ângulos. Acho isso muito bom. Devemos ter propriedade naquilo que acreditamos e falamos, principalmente quando olhamos pelo lado de nossa disciplina. Achei ótima sua visão. Já percebi que melhoramos muito nisso.
    Abraços,
    Paullus.

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  2. Concordo com Paulo e certamente os olhares se completam e enriquecem as imagens e nos fazem pensar melhor toda essa questão do currículo. Muito bom!

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