quarta-feira, 15 de junho de 2011

TECENDO O CURRÍCULO


UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ
MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE CIÊNCIAS
TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS EM CURRÍCULO
Professora Rita Stano

Aluna: Janet Carvalho do Nascimento Chaves Neiva
Matrícula: 22014

 TECENDO O CURRÍCULO

De acordo com os textos propostos, as teorias crítica abordam as relações entre a divisão capitalista de trabalho e a estrutura de funcionamento da educação, ou são chamadas de Nova Sociologia da Educação (Young, 1970). Segundo as teorias críticas existe na sociedade uma classe dominante que é proprietária e outra classe de não proprietários dos meios de produção, que possuem objetivos opostos.
O currículo então reproduz esta divisão favorecendo a classe proprietária a buscar a autovalorização, expansão do capital e a exploração da classe não proprietária. Esta última luta contra a opressão.
Contudo, o currículo é forjado segundo uma concepção cultural. Segundo as teorias arnoldianas, a cultura é etérea, espiritual em busca da educação ideal. Para os seguidores de Leavis, a cultura das massas é uma ameaça à ordem da sociedade e deve ser combatida dentro e fora do ambiente escolar. Tais pessoas chegaram a publicar um manifesto propondo introduzir no currículo um treinamento de resistência à cultura das massas. A cultura não é prerrogativa das elites dominantes, embora estas assim a considerem, tendo como teoria que a cultura sempre teria sido sustentada por uma minoria que mantinha vivos “os padrões da mais refinada existência”. Assim, os poderosos sempre desejam se manter no poder, direcionando os currículos escolares para a reprodução deste modelo.
O Multiculturalismo surge para que o mundo globalizado não fique à mercê da verdade única, da sobreposição de uma cultura sobre a outra. Passa-se a pensar questões como a cotização das vagas nas universidades para os “excluídos”, no perigo de se transformar a cultura do outro em folclore, a criação do dia da “Consciência Negra”, o perigo de isolar um grupo social da própria sociedade. E busca-se caminhos para evitar esses erros como a dinâmica de sensibilização de identidade, que tenta sensibilizar a criança desde a educação infantil. Portanto, a escola e o currículo são fundamentais para que se crie uma sociedade livre de preconceitos, preocupados em formar cidadãos e não mais indivíduos. Os sujeitos deverão ser formados numa perspectiva de ancoragem social de conteúdos, isto é, numa aula de matemática, ao se estudar porcentagens, a discussão deve girar em torno das diferenças salariais entre homens e mulheres, por exemplo. Desta forma, os jovens terão oportunidade de levantar questionamentos e tentar encontrar soluções para as desigualdades sociais.
Em relação à teoria marxista, o ponto de partida é a existência de seres humanos reais que vivem em sociedade. O homem é processo, um ser em transformação. O homem não tem essência, torna-se essência por uma existência. O currículo então deve ser essencialista e a essência é Deus e a educação busca a perfeição, cria-se um ideal. Os indivíduos dependem das condições materiais de sua produção, por isso o currículo é um Projeto Político.  O currículo nunca será imparcial, por isto é político. Sendo assim, o processo educacional está intimamente ligado ao processo produtivo. Marx não evidencia o conceito de qualificação, entretanto está implícito no sistema de produção capitalista. Qualificação então passa a ser o domínio completo de habilidades intelectuais e manuais, portanto a autovalorização do indivíduo por parte do capital. Como consequência, tem-se uma crescente divisão de trabalho e o desenvolvimento do mecanicismo, levando a uma separação entre o trabalho manual e intelectual. Por certo, o currículo também fazia tal dicotomia, preparando os sujeitos para o trabalho. Os dominantes se direcionavam para as atividades intelectuais e aos dominados cabem as atividades manuais.
Como o currículo é vivo, dinâmico e está em constante construção, muito ainda está por ser feito.



2 comentários:

  1. Janete, concordo plenamente com você. Devemos abandonar aquela ideia que tínhamos de "grade curricular". O currículo deve estar sempre em expansão e principalmente ser livre para que sempre possa ser repensado. Devemos difundir esse pensamento entre nossos colegas da nossa escola ( o que acho difícil,porém não é impossível).
    Acho que estamos nos qualificando bem.
    Parabéns pelos seus textos.
    Abraços,
    Paullus.

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  2. O currículo como um porvir...Sua reflexão aqui posta,bem fundamentada, atesta a importância de se desvelar o caráter sempre político do currículo. Muito bem!

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